domingo, 27 de novembro de 2011

Sobreviver e viver


Milhões de pessoas acordaram hoje simplesmente porque não morreram ontem.

Essa é umas das frases mais fortes que ouvi nos últimos tempos. Ela traz a tona não apenas os nossos medos, mas, possivelmente, algo de como vivemos nossas vidas. Tal como autômatos, muitos de nós entramos em nossos carros, chegamos ao trabalho e reclamamos do clima como se esse fosse o sentido dos nossos dias.

Andamos com a sensação de que a única diferença entre um dia e outro é o número marcado no calendário. Os nossos objetivos se resumem às férias de fim de ano. Vivemos como se fosse absolutamente lógico sofrer 330 dias para gozar de 30.

É por isso que, quando ouvi essa frase, fiquei tão nervoso. Milhões de pessoas acordaram hoje simplesmente porque não morreram ontem.  
No fundo, a pergunta é: e eu? Porque eu acordei hoje? Acordei com o automatismo de quem dá um nó na gravata, ou para realizar algo? Acordei para viver ou apenas para sobreviver?

O que dá sentido ao dia é a possibilidade de acordar com um plano em mente. Quer dizer que para se dar sentido ao acordar, não basta sabermos o que queremos atingir daqui a dez anos. É preciso saber exatamente o que faremos hoje (e amanhã e semana que vem) para atingir o nosso objetivo maior. Isto é planejamento

Mais do que perceber um motivo para acordar, vale a pena procurar um motivo para acordar feliz. E essa é a particularidade do terceiro setor – pelo menos se levarmos em conta o conceito de felicidade dos gregos. Os gregos acreditavam que felicidade é a possibilidade de realizar alguma coisa para o bem comum. A felicidade não deve ser medida olhando-se para dentro de uma pessoa, mas para fora, para o que ela fez.

Felicidade significa ter um plano do que devemos fazer para realizar nossos objetivos. Para realização pessoal fazer mudanças no mundo que sonhamos antes de acordar. A escolha de trabalhar com Ongs implica em acreditar, superar desafios e ter a certeza no fim do dia de que valeu a pena ter acordado hoje.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Mesmo sendo para elite, festival SWU teve incentivo de R$ 6,2 mi do MinC

Excelente texto de Alana Rizzo, sobre os desvios de propósito no festival SWU acontecido na semana passada, no interior de São Paulo.

Mesmo com parecer pela reprovação, o Ministério da Cultura autorizou a captação, por meio de renúncia fiscal, de R$ 6,2 milhões para o festival de música SWU. A proposta "requentada" do ano anterior pela produtora do evento foi rejeitada porque não apresentava critérios claros de democratização do acesso. Os ingressos custam R$ 290 por dia ou R$ 735 o passaporte para três dias. A decisão do secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, Henilton Menezes Parente, contraria ainda recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU) de descentralizar recursos da Lei Rouanet. O festival começa hoje em Paulínia, interior de São Paulo, e vai até segunda-feira com a participação de artistas nacionais e internacionais.

Para o parecerista da Comissão de Incentivo à Cultura (Cnic), o projeto não atende à legislação porque o preço dos ingressos é inacessível à população em geral. A produtora informou que iria doar 10% dos ingressos para estudantes e órgãos destinados a prover cultura. "Serão feitas promoções com veículos de comunicação para proporcionar ingressos a preços inferiores aos apresentados, que, por sua vez, são acessíveis à população", diz o projeto.

A justificativa para o preço do ingresso é de que o consumidor terá acesso a shows de cerca de cinco grandes artistas por dia. "Assim, ressaltamos que o valor dos ingressos é sim democrático, na medida em que possibilita o acesso a inúmeros shows. Os valores apresentados são, por vezes, inferiores a eventos com um só artista", afirma a produtora.

Outras irregularidades também foram apontadas pela Cnic: os períodos de realização da pré-produção e do evento estavam inadequados, e a planilha orçamentária não discriminava gastos e incluía despesas desnecessárias, como locação de sete helicópteros, despachante por R$ 102,9 mil e aluguel de caminhões de R$ 52,5 mil. As informações sobre a equipe técnica e os respectivos custos também não eram claras. O gasto com produtor musical é de R$ 40 mil e assistentes de produção receberão R$ 84 mil e R$ 30 mil.

Prorrogação
O projeto analisado pelo ministério é relativo ao festival de 2010, que aconteceu em Itu (SP), entre 9 e 11 de outubro, e tinha outra seleção de artistas. Em 4 de novembro do ano passado, a D+ Brasil Entretenimento, Conteúdo e Comunicação Total Ltda. encaminhou ofício pedindo a prorrogação do projeto aprovado em 2010 para o festival deste ano. Segundo a produtora, não houve tempo hábil de captação e de realização do evento, em Itu, com os recursos da renúncia. O prazo expira em 31 de dezembro.

A reportagem entrou em contato com a produtora D+ na terça-feira e encaminhou todos os questionamentos por e-mail. Até o fechamento desta edição, ninguém retornou. Segundo o ministério, o projeto recebeu parecer favorável depois de ser revisto pela Funarte e pela Cnic. A reportagem solicitou a documentação, que foi negada pela pasta. Nenhum parecer favorável consta no sistema de aprovação de projetos culturais. Com relação à democratização e ao preço dos ingressos, a informação é de que "a Lei Rouanet não estabelece valores-limite para cobrança de ingressos em projetos patrocinados com incentivo fiscal". Sobre ingressos distribuídos para funcionários, a informação é de que o ministério ainda não recebeu nenhuma entrada.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Carta em agradecimento a Michel Freller

Abaixo, o agradecimento após uma palestra de Michel Freller.



Ilm.
Sr. Michel Freller,

Prezado


É com imenso prazer que renovamos nossos agradecimentos pela notável presença no XII Congresso Brasileiro do Terceiro Setor, a qual certamente abrilhantou o debate.

     Com intuito de rememorar o momento se sua contribuição conosco, vimos anexar á presente, uma lembrança fotográfica de sua participação.

Por fim, ressaltamos mais uma vez nossos agradecimentos e apresentamos nossos protestos de elevada estima e consideração.


Atenciosamente,

ECONÔMICA DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

               Marcos Biasioli                                            Cláudia
Coordenador Geral do Congresso           Coordenadora Operacional

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Erros mais comuns ao se solicitar dinheiro


Muitas vezes, não queremos nos aprofundar em tema nenhum. Queremos um guia rápido e fácil do que fazer e do que deixar de fazer. Pensando nisso, e na ansiedade que a hora da solicitação de recursos pode gerar, resolvi fazer uma lista simples com o que NÃO devemos fazer nessa hora.

*      Deixar de quantificar, pedir uma quantia qualquer de apoio – Quanto der esta bom (não passar os valores possíveis de doação)
*      Falar demais e não escutar
*      Falar da organização e de seus métodos em lugar de falar dos motivos da campanha e dos resultados esperados
*      Não apresentar alternativas (ao plano inicial) – jogo de cintura
*      Não saber o suficiente sobre o investidor antes de reunir-se com ele
*      Continuar falando sobre a organização depois de solicitar os recursos
*      Enviar pessoas destreinadas e desentrosadas para solicitar os recursos

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Bondade


Um dos maiores problemas do terceiro setor (ts) é a tendência das pessoas envolvidas no mesmo serem do bem. É óbvio que esta também é a sua maior qualidade. Afinal, é por haver pessoas com ideais, que buscam melhorar  o mundo, que existe o terceiro setor. Mas hoje, vamos falar porque, muitas vezes, essa disposição positiva pode atrapalhar o desempenho de uma organização..

Para tanto, precisamos estabelecer as diferenças entre uma empresa e uma organização do ts. A principal diferença é a finalidade de cada uma: tradicionalmente a empresa visa o lucro, e a organização a sua missão (prover ambiente seguro para crianças em situação de risco, por exemplo). O difícil não é entender as diferenças nos fins, mas nos meios de alcançá-los.

Em primeiro lugar, ambos os empreendimentos contam com profissionais assalariados que tocam o dia-a-dia do negocio – com a possibilidade de trabalho voluntário  no caso do ts. Esses trabalhadores devem operar as suas funções e garantir a aproximação da  organização com a sua finalidade – seja lucro, seja um objetivo social.

Para as empresas, é razoavelmente fácil descobrir quando se está aproximando ou se afastando da sua finalidade – em todos os casos, o sucesso e o fracasso sempre se associam à proximidade da empresa do lucro. No caso das organizações do ts, a coisa é mais difícil: cada uma deve desenvolver um parâmetro de avaliação próprio. Em alguns casos, pode ser fácil: se, por exemplo, se entender que o importante é dar ao maior número de crianças  uma cama, basta comprar uma grande casa, com o maior número de camas possíveis. Se, por outro lado, for preciso definir o que é um lugar seguro para uma criança – talvez seja um lugar em que ela se sinta amada – a avaliação do sucesso da organização começa a ficar mais complexa. Muitas camas é um resultado positivo? Provavelmente não será  suficiente.

Por isso, muitas organizações ficam perdidas em suas relações com os seus  colaboradores e patrocinadores. Não sendo fácil medir o sucesso da empreitada, como podemos medir a qualidade do trabalho de nossos funcionários? O cálculo passa a ser ainda mais subjetivo e avaliado em grande medida por empatia.
Por isso se torna um problema os empreendedores do ts serem, tantas vezes, pessoas do bem. Por que, em algum momento, eles terão que avaliar a sua equipe, e os padrões de avaliação não são dados a priori. Assim, muitas vezes, a avaliação dos funcionários é feita com bondade excessiva e até  certa conivência.

Não recomendo um ambiente despótico – mas a lembrança constante de que, seja onde for, o funcionário ou voluntário deve ser escolhido  para desempenhar uma função. E é sobre o seu trabalho que ele deve ser avaliado, e não pelo seu potencial de mudança. Essa é a única maneira de se atingir o objetivo maior – é pelo trabalho sério, comprometido e avaliado que podemos fazer do nosso trabalho no ts, um veículo de mudança de mundo

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Planejamento Estratégico


      Pode dizer-me que caminho devo tomar?
       Isto depende do lugar para onde você quer ir. (Respondeu com muito propósito o gato)
       Não tenho destino certo.
       Neste caso qualquer caminho serve.
(“Alice no País da Maravilhas” - Lewis Carrol)

Toda vez que falo de planejamento estratégico gosto de começar com esse pequeno diálogo, acima. Acho, entretanto, que a resposta do gato – de seu jeito irônico, às vezes deixa as pessoas um pouco confusas. Isto porque discordamos do gato. O otimismo latente na fala dele (de que se não se há destino pré-estabelecido qualquer lugar serve) deve ser substituído por uma boa dose de realismo – na verdade, quando não sabemos para onde estamos indo, nenhum lugar serve. Na vida real, andar a esmo nunca nos leva a nenhum lugar interessante – especialmente quando falamos de empresas ou organizações. Muitas vezes, inclusive, a falta de planejamento chega até mesmo a nos paralisar.

Quem nunca viveu aquela situação em que o objetivo está tão distante e as coisas parecem tão difíceis que achamos que não vale à pena nem mesmo começar? Para evitar essa sensação paralisante é fundamental estruturar um planejamento adequado. O primeiro passo é escrever os nossos objetivos e as nossas metas.
Para podermos fazer isso, entretanto, é importante que tenhamos claras as diferenças entre esses dois conceitos. Na verdade, a diferença é bem simples – e boa parte da confusão que temos por aqui se deve a más traduções dos termos ingleses (goals/objetivos e objectives/metas).

Quando falamos em objetivos, temos em vista algo em longo prazo, mais Do instituto “Se Toque” (com quem faço um trabalho em parceria), por exemplo, poderíamos dizer que os objetivos são: 1) “reduzir a mortalidade por câncer de mama no Brasil”; e 2) “aumentar a conscientização das mulheres para o problema”.

As metas, pelo outro lado, são mais específicas e contêm, imbuídas em si, uma previsão de ação. Assim, poderíamos dizer que as metas de 2011 do “Se Toque” são – aumentar em 10% o diagnóstico precoce de câncer de mama na cidade de São Paulo; distribuir 5.000 informativos de auto-diagnóstico para populações carentes; arrecadar R$50.000,00 para levar ambulatórios médicos para as zonas mais carentes da cidade; etc.

Neste exemplo fictício, podemos observar que o objetivo sempre será o grande norteador das metas. Estas, por sua vez, vão procurar estabelecer os pontos a serem alcançados a curto e médio prazo para alcançar esse objetivo maior. 

Por Michel Freller

Michel Freller falando sobre eventos