quinta-feira, 5 de julho de 2012

COMPARTILHANDO REFLEXÕES SOBRE AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS



Este texto é uma reflexão de dois artigos da revista exame e do encontro: a relevância da avaliação para o Investimento Social Privado no centro britânico em 04/07/12.

Este encontro patrocinado por Itaú Social e Fundação Roberto Marinho, com apoio técnico da Move avaliação e estratégia em desenvolvimento social, inicia com a palestra muito esclarecedora de Jane Davidson mostrando as diferenças entre indicadores quantitativos e qualitativos também chamados por ela de critérios e rubricas, mostrando a importância dos últimos em detrimento dos quanti e que, o importante é saber o que queremos e não começar a mensurar só por que é mais fácil.

Entender que os resultados de uma avaliação têm que responder as perguntas: e daí? E agora?  (so what; now what), ou seja, não serve e não é suficiente dizer que atendemos x mil crianças ou servimos x milhões de refeições ( a la Criança Esperança). É necessário mostrar que vidas foram mudadas e ou salvas. Também não é necessária uma grande quantidade de indicadores se conseguimos respostas às nossas perguntas apenas com alguns.

A chave é ter uma proposta clara, envolvimento correto de todos as partes envolvidas (stakeholders), fazer as perguntas importantes e conhecer a grande figura (big picture), ter respostas claras  baseadas em evidência e não em achismos e intuições, conforme reportagem da revista exame com o prêmio Nobel Daniel  Kahneman, http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1018/noticias/nao-dependa-da-intuicao-para-tomar-decisoes , que demonstra que as respostas dadas por uma parte do cérebro que responde rápido e com intuição, normalmente nos dá respostas erradas. Davidson ainda propõe ter um relatório sucinto sem muitos detalhes e com idéias que levarão a ação. Parece simples, mas não é. O que precisamos medir contra o que é preciso saber. Saber quantas pessoas vieram a um evento é importante, mas queremos saber se foram suficientes, quem faltou e porque.

As melhores perguntas a serem respondidas são:
·         O programa era (e continua sendo) necessário?
·         Quão bem o programa foi desenhado e implementado?
·         O programa / projeto valeu a pena pelos recursos aportados?
·         Teve impacto positivo na vida das pessoas?
·         É sustentável financeiramente?

Não queremos só indicadores, mas ferramentas que respondam as nossas boas perguntas.  Focar no que queremos saber e menos no que é fácil medir mesmo que não sejamos tão precisos. Segundo John Tukey, estatístico americano do início do século passado, “muito melhor ter uma resposta aproximada para a pergunta certa, que muitas vezes é vaga, do que uma resposta exata para a pergunta errada, que pode sempre ser feita de maneira precisa”.
As organizações devem investir na avaliação para poder crescer e replicar os bons modelos.

O estudo de casos sempre é importante neste tipo de encontro. Foram 4 salas com os seguintes casos:
-        Programa água eclima da WWF Brasil
-        Avaliação do programa primeiríssima infância – Fundação Maria Cecília Souto Vidigal
-        Construção de cultura de avaliação – Instituto Sou da Paz
-        Programa Execelência em gestão Educacional – Fundação Itaú Social
Assisti ao último que foi apresentado por Carolina e Cláudia. O projeto tem parceria com o Instituto Fernand Braudel com o objetivo de realizar um projeto piloto em 10 escolas municipais da cidade de São Paulo entre as mais vulneráveis,  que foram escolhidas pelo critério de desempenho IDESP 2007.

A estratégia escolhida foi baseadas na cidade de Nova York onde o professor, o coordenador de pais e o coordenador pedagógico recebem uma tutoria no cotidiano da escola e a partir da observação deste tutor (que já foi professor da rede pública) faz recomendações.
Tem o objetivo de trazer a família para dentro da escola e as perguntas avaliativas foram:
Em que medida o programa contribui para formação do aluno, relação com a família, gestão pedagógica e desempenho do professor. O projeto terminou no fim do ano passado e agora estão compilando os dados finais. Por meio dos dados preliminares se pode concluir que vale a pena replicar o projeto para outras escolas.

Aproveito para inserir um caso que saiu na última exame (Ed. 1019) que demonstra como a francesa Ester Duflo se tornou uma das mais requisitadas pesquisadoras especialista no combate a miséria. O pragmatismo de Duflo atrai empresários em busca de avaliar o alcance de seus investimentos em programas sociais, segundo a revista.
A “Filantropia de Resultado” tem um método de 5 etapas inspirado na medicina:
1 – O Problema – Pesquisadores determinam o objetivo a ser atingido, como a redução do absenteísmo de professores em determinada região
2 – A Amostra – Duas amostras da população são separadas aleatoriamente. Uma delas será submetida à solução aplicada – a outra não
3 – A Análise – Numa avaliação que pode durar até cinco anos, pesquisadores verificam o que deu certo e por quê
4 – A Comparação – Pesquisadores comparam o custo-benefício da solução atual e outras saídas sob a mesma métrica
5 – A Multiplicação – O que deu certo pode ser reproduzido em larga escala em comunidades com características semelhantes.

A similaridade com o projeto do Itaú Social não deve ser mera coincidência. Vejam a matéria toda em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1019/noticias/a-guru-de-bill-gates
Fiona Cram na palestra: Avaliação, relevância e força dinâmica, trouxe a experiência da Kauapapa Maori Evaluation da Nova Zelândia e o modelo desenhando o caminho de Ross Conner onde os participantes seguram a caneta e falam enquanto desenham e constroem juntos a capacidade de avaliar
Segundo Martina Rillo Otero do Instituto Fonte que fechou o evento de um dia, a avaliação serve para dentro e para fora – para dentro como parte do planejamento estratégico, para revisar os métodos e objetivos e para fora para atrair e manter investidores, promover os projetos. Focar um só dos lados (fora ou dentro) é desperdiçar energias.

Visitem os sites Itaú social e Instituto fonte para maiores detalhes do encontro e ver os outros casos:

segunda-feira, 12 de março de 2012

Dicas para arrecadação com incentivos



       Saber a diferença entre imunidade e isenção. (tabela no final do Texto)
        A vantagem para doar para uma organização com qualificação de OSCIP ou Utilidade Pública Federal é de 34% e normalmente o doador apóia pela causa e não pelo incentivo. 66% é doação pura.
        Alguns Fundos Municipais da Criança e Adolescente permitem direcionar as doações para projetos específicos. Os fundos destas cidades captam muito mais que as cidades que não permitem o direcionamento
       Grande mudança esperada há muito tempo: a partir deste ano o doador pessoa física poderá fazer a doação para o Fundo da Criança e do adolescente junto com a entrega do Imposto de renda e não mais no último dia do ano (limitado a 3%).
        8 milhões de pessoas entregam imposto de renda pelo modelo completo e são possíveis doadores para projetos incentivado, porém muito poucos utilizam. 15.000 pessoas na lei da cultura; 1,5% dos valores.
         Por volta de 150 mil empresas declaram imposto de renda pelo regime do lucro real, sendo 25 mil relevantes para incentivos
       O incentivo ao Esporte permite doar 1% do Imposto de Renda das empresas que declaram pelo regime do lucro real para projetos de desporto educacional, participação e rendimento. Existe 400 milhões de reais para estas ações que em 2011 consegui mobilizar 50%.
        Novos limites:
§  Pessoa Jurídica 5 projetos ativos por ano
§  R$ 35 milhões (exceção cooperativas)
§  Pessoa Física 2 projetos ativos por ano R$ 596 mil
§  6.300 projetos por ano (ano passado foram 15.000).
  • Na lei Rouanet, o proponente pode receber até 10% do orçamento (limitado a 100 mil) a título de serviços prestados.
  •  O limite do custeio do serviço de captação de recursos é  10% limitado a 100 mil reais.
  •  Na prestação de contas não será preciso autorização para  alterações para mais ou menos de 15% de cada linha do orçamento.

IMUNIDADE
ISENÇÃO
Regida pela Constituição Federal.
Regida por legislação infraconstitucional.
Não pode ser revogada, nem mesmo por Emenda Constitucional.
Pode ser revogada a qualquer tempo.
Não há o nascimento da obrigação tributária.

A obrigação tributária nasce, mas a entidade é dispensada de pagar o tributo.

Não há o direito de cobrar o tributo.

Há o direito de cobrar, mas ele não é exercido.

sábado, 21 de janeiro de 2012

9 Dicas para gerar mais resultados com a venda de produtos para o 3o Setor

Abaixo, 9 dicas do que se deve ter em mente ao se pensar na venda de produtos para o Terceiro Setor

  • Planejamento
  • Estatuto
  • Impostos
  • Plano de Negócios
  • Tag
  • Onde Vender
  • Marketing e Marca
  • Criatividade e Inovação
  • Avaliação e Monitoramento
Veja mais no nosso slideshare! (aqui)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

ONGs na mídia

Veja (aqui) a interessante matéria no blog da Gloria Kalil. A matéria fala sobre as ONGs selecionadas pelo Fashion Business para fazerem parte do movimento por uma econômia de moda solidária. Vale a pena conferir!

Ano-novo



A contagem regressiva acabou. Já gritamos “Feliz Ano Novo”, já pulamos ondinhas e já fizemos nossos pedidos. Agora, o ano começou de verdade e a mesma pergunta de sempre se impõe: será que esse foi mais um ano de fazer promessas, ou será um ano de cumpri-las?

Janeiro é um mês interessante porque é o mês em que esse conflito fica mais evidente – é o mês em que tudo ainda é possível. É o mês em que, normalmente, estamos mais esperançosos. Que bom que seja assim – é bom imaginar que a passagem das 23:59 para as 0:00, o segundo que separa os anos, pode mudar algo.

No entanto, na nossa vida profissional pelo menos, é importante complementar os desejos e pedidos com metas e objetivos. É fundamental adicionar planejamento à esperança. Enfim, é preciso transformar devaneio em ação.

Assim, acredito que, o primeiro passo do ano deva ser olhar o planejamento. Caso não se tenha um, é importante fazê-lo. O planejamento estratégico (como falei aqui) é uma maneira de priorizar os objetivos e metas de uma organização de acordo com a  capacidade  de execução do seu pessoal. 

Por isso, é importante  rever o planejamento estratégico: além dele organizar as nossas ações, ele nos coloca o que  será viável . Essa idéia é imprescindível  no começo do ano, quando da empolgação da passagem, esquecemos de separar aquilo que gostaríamos de fazer daquilo que podemos de fato realizar. O planejamento estratégico não é apenas importante para afastar preguiça e ineficiência, é importante para transformar emoção em ações racionais.

Sei que essa ideia (que devemos transformar emoção em ação racional) pode soar estranha, ou até de mau gosto. Mas ela é muito importante. Isto porque se a emoção tem uma carga enorme no que fazemos – e o trabalho de uma pessoa apaixonada pelo que faz sempre será melhor do que o de um burocrata entediado – ela não pode ser um fim em si mesma. Isto porque a paixão e as outras emoções são de natureza difusa, se não alcançam os seus objetivos, tendem em se apagar em frustrações. Quer dizer, a ação racional (o planejamento) é a maneira como tentamos colocar um objeto realizável para as emoções – transformar a sua ação difusa em concentrada; é a forma  de garantir que a empolgação do começo do ano encontre um alvo adequado, e não se desgaste ao longo dos meses

Desejo que seja um  ano bom para todos. Que este ano será tanto melhor quanto conseguirmos focar nossa empolgação de ano novo, a partir de um plano construído com cuidado, para a realização de nossas metas. Vamos transformar nossos desejos em realidade, a partir de planejamento e de um plano de ação concreto. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Modelos Administrativos - e a função de uma consultoria




Após algum tempo tentando escrever sobre um dos modelos de análise organizacional que utilizo em meu dia a dia, percebi algo simples e fundamental. Apesar do modelo em questão ser perfeito para algumas situações, ele pode ser pouco adequado para outras. E o mesmo vale para todos os modelos do mercado. Os modelos são como ferramentas - um martelo é ideal para prender um prego na parede, mas  pouco útil para furar algo. Assim, devemos ter em mente que, mais importante do que se fixar obsessivamente em um determinado modelo, é fundamental tentar compreender os campos de atuação ideais de cada um.

Um modelo como o trevo, de Antonio Luiz de Paula e Silva, por exemplo, é particularmente interessante quando utilizado para examinar os impactos cruzados de diversas facetas de uma organização. Em particular, acho essa ferramenta bastante interessante por chamar a atenção para a importância da relação entre a missão da organização e a demanda social que produziu, ou deveria ter produzido. Em outras palavras, a faceta mais interessante da ferramenta é a capacidade de fazer perceber a importância do "quadrante" Sociedade/ Instituição. - e a insistência na necessidade de se calcular os custos para verificar a elegibilidade de um projeto. Se buscarmos uma análise mais detalhada de um planejamento financeiro, entretanto, esse modelo talvez não se mostre o mais ideal.

 Existem ferramentas que chamam atenção para outros fatores. É o caso da BCG, que chama mais a atenção para a necessidade de um plano estratégico e de marketing
 Por isso, acredito na importância e no valor de consultorias. Não apenas no terceiro setor, mas em todos. A importância não deriva de um conhecimento mais profundo do setor em ocorre a consultoria. Não posso falar, por exemplo, como uma ONG ligada à educação deve elaborar seus projetos. Por mais que eu possa ter uma melhor noção de mercado e da facilidade de “venda” de cada projeto, seria um erro atropelar as razões pedagógicas e técnicas por detrás da construção de um projeto. (elementos que estão além da minha formação).

 Nesse sentido, uma consultoria deve empreender uma ação que leve o insight para dentro das organizações. Com isso quero dizer que o trabalho de uma consultoria está em seu auge quando utilizamos alguma técnica que permita que a instituição perceba os seus buracos, as suas necessidades e possa, a partir dessa nova visão, compreender o sentido das mudanças necessárias. De fato, não é o consultor que fará a recomendação (ele não possui um livro mágico), mas a própria organização que poderá descobrir os sentidos das mudanças necessárias, por meio da facilitação de um agente externo.

No caso inicial do modelo do trevo, é fundamental levar às instituições a noção de que o direcionamento da organização é tanto mais importante quanto maior for a demanda social para o seu trabalho. Assim, em um país como o Sudão, uma ONG que ajude em conflitos sociais é mais importante do que uma que lide com a questão da fome (o Sudão, ao contrário do que se possa pensar, é um país basicamente rural que não tem dificuldades na produção de insumos alimentícios). É evidente que as organizações já fizeram essa reflexão em algum momento - mesmo que de forma inconsciente. O modelo do trevo ajuda a trazer essa reflexão para o plano consciente. Mais ainda, permite mostrar ao mundo essa relação, contando a importância dos projetos da organização para qualquer pessoa que esteja disposta a ouvir. Isso, claro, inclui os potenciais patrocinadores e contribuidores à causa.


domingo, 27 de novembro de 2011

Sobreviver e viver


Milhões de pessoas acordaram hoje simplesmente porque não morreram ontem.

Essa é umas das frases mais fortes que ouvi nos últimos tempos. Ela traz a tona não apenas os nossos medos, mas, possivelmente, algo de como vivemos nossas vidas. Tal como autômatos, muitos de nós entramos em nossos carros, chegamos ao trabalho e reclamamos do clima como se esse fosse o sentido dos nossos dias.

Andamos com a sensação de que a única diferença entre um dia e outro é o número marcado no calendário. Os nossos objetivos se resumem às férias de fim de ano. Vivemos como se fosse absolutamente lógico sofrer 330 dias para gozar de 30.

É por isso que, quando ouvi essa frase, fiquei tão nervoso. Milhões de pessoas acordaram hoje simplesmente porque não morreram ontem.  
No fundo, a pergunta é: e eu? Porque eu acordei hoje? Acordei com o automatismo de quem dá um nó na gravata, ou para realizar algo? Acordei para viver ou apenas para sobreviver?

O que dá sentido ao dia é a possibilidade de acordar com um plano em mente. Quer dizer que para se dar sentido ao acordar, não basta sabermos o que queremos atingir daqui a dez anos. É preciso saber exatamente o que faremos hoje (e amanhã e semana que vem) para atingir o nosso objetivo maior. Isto é planejamento

Mais do que perceber um motivo para acordar, vale a pena procurar um motivo para acordar feliz. E essa é a particularidade do terceiro setor – pelo menos se levarmos em conta o conceito de felicidade dos gregos. Os gregos acreditavam que felicidade é a possibilidade de realizar alguma coisa para o bem comum. A felicidade não deve ser medida olhando-se para dentro de uma pessoa, mas para fora, para o que ela fez.

Felicidade significa ter um plano do que devemos fazer para realizar nossos objetivos. Para realização pessoal fazer mudanças no mundo que sonhamos antes de acordar. A escolha de trabalhar com Ongs implica em acreditar, superar desafios e ter a certeza no fim do dia de que valeu a pena ter acordado hoje.